Reuniões: Para participar solicite convite

11 91477-9934 (whatsapp)

contato@rotarybarueri.org.br

Motivado por um projeto educacional do distrito, Rotary Club de São Paulo-Sumaré adota afetivamente uma unidade de ensino fundamental integral na Zona Oeste paulistana

Uma lenda peruana conta a história de uma mãe que abandona seu bebê na floresta para salvá-lo da peste que dizimou todo o povo. O bebê então se transforma numa ave que, todas as noites, lamenta a ausência materna. A ave em questão é o urutau, e essa é apenas uma das narrativas que formam o folclore em torno dele.

O urutau é uma espécie comum em bordas de florestas, campos com árvores e cerrados. Aqui no país, cinco variedades podem ser encontradas pelo território nacional, inclusive em cidades, nas partes mais arborizadas.

Suas penas, marrons ou cinza, permitem a ele se camuflar entre galhos e troncos. Por causa disso, ficou conhecido como fantasma da Amazônia, onde é visto com frequência. O urutau mede em torno de 35 centímetros de comprimento e é uma ave noturna, de canto melancólico e fúnebre.

Apesar do imaginário que o cerca, é provável que na Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, uma unidade de ensino fundamental 1 em tempo integral localizada no bairro do Sumaré, na Zona Oeste da capital paulista, as crianças associem o urutau a lembranças nem um pouco sombrias. É que essa foi a instituição de ensino escolhida pelo Rotary Club de São Paulo-Sumaré como beneficiária do projeto educacional Leia o Seu Futuro, proposto em 2022-23 pelo então governador do distrito 4563, Joaquim Flávio de Moraes Filho. Há um ano, o clube a adotou afetivamente e vem desenvolvendo ali uma série de iniciativas entre elas uma sessão de autógrafos com a coautora de um livro de literatura infantil que fala do urutau.

“A escola foi escolhida entre várias de ensino fundamental que visitamos na região do Sumaré e Perdizes porque sentimos a disposição e a empolgação da diretora Eliete Martins Cardoso de Carvalho em adotar algum projeto diferenciado que beneficiasse os alunos”, conta Plinio Luiz Sottomaior Pereira, presidente do São Paulo-Sumaré.

Definida  a  escola,  a  primeira providência do clube foi procurar saber  quais  necessidades  po­deriam ser atendidas. “Soubemos que havia um desejo de promover ações na área ambiental para satisfazer diretrizes do programa educacional do governo do Estado de São Paulo”, Plinio diz. O  clube  então  elaborou  planos  e orçamentos  de  modo  a  solicitar  um Subsídio  Distrital  com  o  objetivo  de instalar na escola um sistema de reúso de  água  da  chuva.  “Percebemos  que era uma necessidade para economia de água para limpeza e rega da horta dos alunos, e que seria de fácil instalação, ao lado da quadra de recreação coberta, se desviássemos um dos coletores do telhado  para  uma  cisterna”,  detalha.  

O São Paulo­ Sumaré se comprometeu a  subsidiar  parte  do  projeto,  e  em fevereiro  a  instalação  do  sistema  foi concluída. No  mês  seguinte,  o  clube  iniciou outra  ação  na  escola.  “Em  visitas realizadas  na hora  do  lanche  das crianças,  as  professoras  apontaram  a  necessidade  de  um  reforço  às  sextas­ feiras,  na  saída  dos  alunos  para  suas casas”,  relata  Saulo  Ortega Trevisan,  

presidente  do  clube  em  2022­23.  O  São Paulo­ Sumaré então fez chegar até a escola seu projeto Pãozinho Amigo, em  curso  desde  dezembro  de  2021, momento  em  que  o  lube  fazia  um grande esforço para atender entidades carentes com a entrega de cestas básicas e máscaras cirúrgicas. Por meio dessa iniciativa, que tem a parceria da Nova Charmosa  Casa  de  Pães,  localizada no  bairro  de  Perdizes,  instituições beneficentes  credenciadas  pelo  clube recebem  semanalmente  pães  doados por  clientes  da  padaria. 

Instalados  no  trajeto  dos  frequentadores  da loja,  cartazes  e  banners  contendo os  logotipos  do  clube  e  da  Nova Charmosa  divulgam  o  projeto.  Essas peças informam o número de telefone, endereço de e­mail e redes sociais do São  Paulo Sumaré,  permitindo  que os  interessados  se  comuniquem  com o  clube  e  acompanhem  as  entregas das  doações.  Além  disso,  um  painel eletrônico  mantido  pelo  clube  na padaria mostra os resultados atualizados de pães doados na semana e no mês e os  números  totais  desde  2021. 

Até julho deste ano, 22.770 pães já haviam sido  doados  pelos  frequentadores  da panificadora  —  que  registrou  um pequeno  aumento  nas  vendas  de pãezinhos desde o início do projeto. No caso da escola, as retiradas semanais, sempre  às  sextas­feiras,  já  haviam totalizado  5.250  pães  fornecidos  até 30 de junho. “Foram impactadas 350 crianças”, Saulo diz. São alunos de seis a  11  anos  de  idade,  do  primeiro  ao  quinto ano do ensino fundamental estes últimos, o público­alvo específico do projeto distrital Leia o Seu Futuro, que  ensejou  a  adoção  afetiva  da Brigadeiro Faria Lima.

“Quando entregamos à diretora e à vice­diretora da escola o regulamento do  projeto  Leia  o  Seu  Futuro,  e  informamos que haveria a possibilidade de  o  Rotary  Club  de  São  Paulo­ Sumaré fornecer livros para exercícios de  leitura,  a  orientadora  pedagógica Luciana  Marostica  externou  que poderia  fazer  um  grande  trabalho com  os  alunos  do  quinto  ano  por  meio da leitura de um livro de autor indígena”, recorda Plinio. Guiado por essa  orientação,  o  clube  iniciou  uma  etapa de pesquisa que o levou a uma parceria  com  a  Panda  Books,  editora  do  livro  A  mulher  que  virou  urutau, selecionado  pelo  corpo  docente  para ser  trabalhado  com  as  três  turmas de  quinto  ano. 

A  obra  narra  a  lenda guarani sobre a ave: uma bela índia se apaixona por Jaxi, o Lua, que coloca em prova o amor da jovem para saber se o sentimento dela é verdadeiro. Escrito em português e em guarani, o livro é de autoria do casal Olívio Jekupé e Maria Kerexu,  que  vive  na  aldeia  Krukutu, na  região  de  Parelheiros, município de  São  Paulo.  Olívio  é  presidente da  Associação  Nhe’e  Porá,  escritor  e  poeta e trabalha pela difusão da cultura indígena.

O São Paulo-Sumaré doou à escola 40 exemplares da obra, 20 deles resultantes  da  parceria  com  a  Panda Books,  divulgada  entre  outros  clubes do  Rotary,  parentes  e  amigos:  para  cada livro comprado no site da editora, o  clube  receberia  outro  exemplar  do  mesmo  título  de  forma  gratuita  se  a  palavra  ROTARY   fosse  usada  no fechamento do pedido.

VISITA ESPECIAL

Recebidos  os  livros,  as  professoras  iniciaram com os alunos os exercícios de leitura e interpretação. O trabalho envolveu criação de ilustrações, dança indígena  e  teatro  de  sombras,  entre  várias  outras  atividades.  No  mês  de  abril, o São Paulo-Sumaré procurou Olívio  e  Maria  para  propor  uma  sessão  de  autógrafos  na  escola.  A  visita ficou agendada para 30 de maio, mas  Olívio  estaria  em  viagem,  por  isso foi epresentado pelo filho Werá Jeguaka  Mirim,  que  acompanhou a  mãe.  Werá  é  rapper  e  autor  do  livro  Kunumi  Guarani.  Em  2020, representou o Brasil na comemoração dos 50 anos do Dia Internacional dos Direitos Humanos. 

A  programação  para  receber  os  escritores  foi  caprichada.  As  crianças  expuseram os trabalhos criados a partir da leitura do livro e apresentaram uma dança  coreografada  pelo  professor  de  educação física. Os visitantes cantaram canções indígenas e concederam uma entrevista  aos  estudantes.  Maria  e  Werá  também  autografaram  todos  os exemplares  de  A  mulher  que  virou  urutau.  Como  forma  de  retribuir,  o  São  Paulo-Sumaré  doou  colchões, agasalhos  e  alimentos  para  a  aldeia Krukutu  por  meio  de  uma  parceria com a instituição beneficente A Arca de  Noé. 

Quem  também  visitou  a  escola,  em  outra  oportunidade,  foi o  governador  Joaquim  Flávio.  Ele assistiu  a  uma  apresentação  de  slides com  todo  o  trabalho  dos  alunos  e professores, entregou um leitor de livros digitais Kindle à instituição de ensino e certificados aos professores e alunos que participaram do Leia o Seu Futuro.

Essa não é a primeira incursão do São Paulo-Sumaré num projeto com enfoque  educacional.  Há  mais  de  40  anos,  ele  é  um  dos  Rotary  Clubs que  administram  o  projeto  CAMP Oeste  –  Centro  de  Assistência  e Motivação  de  Pessoas,  onde  mil  adolescentes  de  15  a  18  anos  de idade  se  formam  anualmente  com  condições  de  ingressar  no  mercado  de  trabalho  —  empresas  parceiras  locais admitem como estagiários ou aprendizes  os  alunos  diplomados.  Situado no bairro da Lapa, o CAMP Oeste  atualmente  oferece  também  um curso de cuidador de pessoas que certifica 270 adultos por ano.

Embora o Leia o Seu Futuro tenha sido proposto somente para o período 2022-23, o Rotary Club de São Paulo-Sumaré  decidiu  manter  em  2023-24  a  adoção  afetiva  da  Escola  Estadual  Brigadeiro  Faria  Lima.  “Ainda  há  muito  o  que  fazer  para  ajudar  nossa  escola  adotiva”,  afirma  o  presidente  Plinio.  Para  quem  gosta  de  histórias  felizes  —  e  quem  não  gosta?  —,  a boa notícia é que esta ainda terá mais capítulos antes de chegar ao ponto final.