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Em todo o mundo, estima-se que aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas vivam com alguma forma de deficiência visual. A Organização Mundial da Saúde aponta, no entanto, que entre 60% e 80% dos casos de problemas da visão podem ser evitados. E, em seu site, a Organização Pan-Americana da Saúde esclarece: “Para reduzir a cegueira e a deficiência visual, é preciso aumentar o acesso aos serviços de atenção oftalmológica, fortalecendo os serviços públicos nas áreas mais pobres de cada país”.

Ao longo das últimas décadas, clubes e distritos têm feito a sua parte para preencher essa lacuna, principalmente junto à população em idade escolar. É o caso do Rotary Club de Santos-Oeste, SP (distrito 4420), que desde 1971 promove testes de acuidade visual em alunos da rede municipal de ensino. Em 1985, o trabalho do clube alcançou outro patamar com a constituição da Casa da Visão e do primeiro consultório oftalmológico desta, fruto de uma parceria com a Prefeitura de Santos. A instituição surgiu com o objetivo de atender crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, oferecendo consultas oftalmológicas gratuitas e doando óculos – a entrega é feita por meio do projeto Futuro com Visão.

Ao longo do tempo e sempre com o apoio de rotarianos, a Casa da Visão passou a desenvolver outras iniciativas, entre elas a instalação de uma biblioteca com obras em braile e a realização de cursos de computação. Em 1999, a entidade se uniu à Associação Amigos dos Cegos de Santos, de caráter filantrópico e que desde 1968 vinha atendendo a população da Baixada Santista.

Um outro fato marcante nessa trajetória foi a criação de uma orquestra de flautas formada por deficientes visuais. O grupo integra o projeto Música Transformando Vidas, o Promuvi, sediado desde 2013 na Casa da Visão e responsável por promover a inclusão social por meio da prática musical, incluindo apresentações ao público.

Durante o ano passado, a instituição foi responsável por 2.538 atendimentos e a doação de 478 pares de óculos. Em agosto, Marcos Ferreira Franco, governador 2010-11 do distrito 4420 e presidente da Casa da Visão, havia feito o seguinte balanço: “[Em 2022] À exceção de parte da Zona Noroeste, conseguimos atingir toda a cidade de Santos. No primeiro semestre deste ano [2023], doamos 259 óculos, quase o dobro em relação ao primeiro semestre de 2022. Nosso atendimento tem sido elogiado e continua eficiente.” Na ocasião, ele informou que a quarta edição do Bacalhau do Leal, evento gastronômico com diversos patrocinadores, havia reunido 402 pessoas e permitido a arrecadação de fundos para os projetos da Casa.

DE OLHO NO FUTURO

Uma iniciativa também permanente e de alto impacto social é conduzida pelo Rotary Club de Nova Friburgo, cidade fluminense pertencente ao distrito 4751. No ano passado, o clube comemorou os 20 anos do seu De Olho no Futuro, projeto de doação de óculos a estudantes da rede municipal de ensino. Esse trabalho consiste de três etapas: realização de exames de acuidade visual nas próprias escolas, exames médicos com oftalmologistas parceiros do clube e, por fim, entrega de óculos. Em agosto, por exemplo, 90 pares foram doados a estudantes do Colégio Anchieta. No mesmo mês, o clube promoveu testes de acuidade visual em alunos do en- sino fundamental da rede pública, encaminhando 230 crianças para consultas no Centro Oftalmológico de Nova Friburgo. Para manter o De Olho no Futuro, o clube tem o apoio da Ótica Reluz e organiza eventos, como uma feijoada beneficente que há sete meses reuniu rotarianos e autoridades locais.

Em reportagem publicada em janeiro, o jornal Estado de Minas informava que um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia alertava para o crescimento de 70% dos casos de miopia entre crianças e adolescentes a partir de 2020. Por isso, o trabalho de detecção e correção de distúrbios visuais promovido pelos nossos clubes e distritos brasileiros será sempre motivo de destaque e celebração.